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quinta-feira, 3 de maio de 2012

Paraísos Artificiais

Muitos falam que o cinema brasileiro é de poucos, e isso pode ser comprovado por ver que algumas produtoras não erram mesmo revezando sua equipe nas funções como é o caso da Zazen que teve Marcos Prado produzindo e José Padilha dirigindo "Tropa de Elite 1 e 2" e agora em "Paraísos Artificiais" invertem de posição sem perder o brilho, claro que a história dos "Tropa" eram mais povão, linear, dialogado e agradava a todos, enquanto "Paraísos" tem sua história toda fragmentada e com um trabalho brilhante mais visual de câmera feito por Lula Carvalho onde o diálogo em si é a menor questão de um todo.

Em uma paradisíaca praia do Nordeste brasileiro, Shangri-La -- um enorme festival de arte e cultura alternativa -- é pano de fundo de experiências sensoriais intensas entre três distintos jovens contemporâneos: Nando, a DJ Érica e sua melhor amiga Lara. Sem que percebam, como meras peças de um caótico jogo do destino, o encontro muda radicalmente suas vidas para sempre. Uma trama envolvente, em pleno boom da música eletrônica no Brasil, que apresenta uma comovente história de amor e superação, o envolvimento de jovens de classe média no tráfico internacional de entorpecentes, intensas celebrações, conflitos e destinos cruzados pelo tempo.

A sinopse que estão colocando nos sites dos cinemas, nem quis colocar e preferi essa diretamente do site do filme, pois a dos cinemas é um spoiler imenso, e como já falei gosto de assistir a filmes sem ler nada a respeito, e nesse quesito o filme fica diríamos com um gostinho mais intrigante de se ver do que já sabendo tudo como é. Mas como nem todos gostam de surpresas, e já que lerão a sinopse dos cinemas, o que vai interessar do filme é ver como tudo isso acontece de uma forma fragmentada entre os 3 atos sem a necessidade nenhuma de uma sequência linear dos fatos e com um fechamento embora previsível e demasiadamente novelesco, porém aberto consegue agradar mesmo sendo um pouco lento demais com os acontecimentos.

Como disse não é um filme onde os diálogos pesem muito para a história, mas o trio de atores Nathalia Dill, Luca Bianchi e Lívia de Bueno, conseguem conduzir bem os momentos em que precisam falar algo, claro que alguns excessos de nudez poderiam ser economizados, mas a loucura das drogas e quem já as experimentou, o que acredito que os roteiristas com certeza fizeram, pode dizer melhor. O elenco de apoio também se mostra interessante e diria até com diálogos mais fortes para a trama, no caso falo dos atores Roney Villela e Bernardo Melo Barreto que fazem Mark e Patrick respectivamente e são basicamente o elo dos protagonistas com as drogas.

Agora falar do show do filme, que é a câmera do melhor diretor de fotografia do Brasil, sem dúvida alguma que se chama Lula Carvalho. O olhar e o efeito de distorção que ele consegue transmitir com sua câmera são brilhantes, um foco e desfoque das cenas com sentido dramático poucas vezes visto no cinema brasileiro, pois não é jogado ao vento, faz sentido pra trama e aliado a boa equipe de arte consegue dar efeitos visuais excepcionais. Só para citar uma cena que deva ser bem vista é essa da parte de cima do poster, as cores fluorescentes da maquiagem junto com o foco e desfoque da câmera é algo magnífico. Nunca experimentei drogas, mas acredito que todo o barato que deva dar no auge deva ser algo que foi transmitido pelo filme com esses efeitos, quem já usou e quiser relatar nos comentários, a vontade.

Não sou muito fã de música eletrônica, mas como contexto para o filme a trilha foi bem escolhida e as batidas vibram o cinema de uma forma bem interessante. O contraponto analisado pelo personagem de Lipe em uma das cenas finais quando fala dos sentimentos da DJ colocados na música é um dos pontos do roteiro bem introduzido onde podemos ver que a música também pode falar com o espectador.

Enfim, é um filme bem feito, que não foi feito para agradar uma maioria, mas acredito que todos que forem assistir pelo menos poderão tirar conclusões boas (ou no mínimo interessantes) e ruins sobre o mundo das drogas. Só acho que se ele tivesse o ritmo frenético de uma rave ele poderia ser mais ágil e gostoso de ver, mas é apenas um detalhe. Recomendo com essa cautela, de que não é um filme feito para agradar, mas faz seu serviço de forma bem interessante e mantém a produtora no patamar de que serviço dado é serviço cumprido. Fico por aqui hoje, mas esse foi apenas o começo dessa semana curta de estréias, mas ainda tem mais presse fim de semana. Abraços e até mais pessoal.


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